Saiu uma pesquisa internacional mostrando que o professor no Brasil ganha muito menos e trabalha mais do que em outros países. O resultado disso são professores desmotivados, o que reflete nos alunos que acabam abandonando a escola cedo demais.
Quem fica na profissão, muitas vezes é levado a trabalhar dobrado para complementar a renda. Os dados foram divulgados pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a OCDE.
É uma responsabilidade e tanto. Ensinar, educar crianças e jovens, preparar o futuro. A profissão de professor deveria ser valorizada. Isso todo mundo diz, mas a realidade não é bem essa.
No Brasil, os professores além de enfrentar salas de aulas cheias e falta de condições adequadas de trabalho, ganham mal. Menos da metade da média salarial paga aos professores de 46 países.
Barbara Giordani dá aula de Biologia em Brasília, onde os salários dos professores são maiores que a média nacional. Ela ganha quase R$ 5 mil por 40 horas de trabalho, mas não se sente valorizada. Primeiro porque o custo de vida em Brasília é um dos mais altos do país e também porque diz que muitas outras categorias de servidores são mais bem pagas.
“Infelizmente eu lamento, mas a Secretaria de Educação vai acabar me perdendo mais cedo ou mais tarde, porque eu pretendo fazer doutorado e me especializar mais. Agora, se você não tem o reconhecimento, com certeza você vai procurar outros concursos a procura de um salário melhor”, afirmou a professora.
Eles ganham menos, mas estão entre os que mais trabalham. Nos países pesquisados, o professor passa, em média, 40 semanas em sala de aula por ano. Isso inclui o tempo que eles levam para preparar as aulas e corrigir as provas. No Brasil, são duas semanas a mais de trabalho.
O especialista em educação Cleyton Gontijo, da Universidade de Brasilia, diz que a desvalorização do professor é um problema histórico no país e que isso, além de afastar muitos professores da profissão, também exige que alguns tenham mais de um emprego, com prejuízo para eles e para os alunos.
“Esse professor sai de uma escola, onde ele trabalha pela manhã, corre para uma outra escola para trabalhar à tarde e, às vezes, corre para uma outra escola para trabalhar à noite. A qualidade do trabalho desse professor, sem dúvida alguma, não vai ser boa porque, do ponto de vista físico, mesmo intelectual e mental, ele já está esgotado”, declarou.
Outro problema revelado pela pesquisa é o afastamento dos jovens da escola. No Brasil, 75% dos que têm entre 20 e 24 anos, não estão na escola. Nos outros países, esse índice é menor. Pouco mais da metade não frequentam escola ou faculdade.
“O trabalho e a universidade é impossível, ainda mais para quem trabalha no varejo, de segunda a segunda”, afirmou Rafael Rocha, de 20 anos.
O Ministério da Educação informou que a reforma do ensino médio é prioridade e que houve um crescimento do salário dos professores nos últimos anos, mas que os reajustes dependem dos estados e municípios.
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